quarta-feira, 24 de março de 2010

A catedral e a vocação da França “filha primogênita da Igreja”


No século XIII, ricos e pobres tinham os mesmos gostos prazeres artísticos. Não havia de um lado o povo e do outro a classe dos entendidos de arte.


Catedral de Rouen.


A catedral era o lar de todos, e a arte ali traduzia o pensamento de todos. Contrariamente aos séculos XVI e XVII em que a arte pouco nos diz do pensamento profundo da França da época, a arte do século XIII, nos fornece a manifestação plena de uma civilização numa época definida da história. A catedral medieval assume o papel dos livros.

Nela, revela-se não só o gênio do cristianismo, mas também o gênio da França.

É verdade que as idéias que tomaram forma visível nas igrejas não pertenciam só à França, mas eram patrimônio comum da Europa católica.

Porém, a França é conhecida pela sua paixão pelo universal. Ela sozinha descobriu como fazer da catedral uma imagem do universo, uma súmula da história, um espelho da vida moral.

Mais ainda, a admirável ordem da lei suprema que ela impôs nessa galáxia de idéias é peculiar da França.

As catedrais de outros países, todas posteriores às francesas, não revelam um leque tão vasto de idéias tão finamente ordenado num esquema de pensamento.


Santuário de Nossa Senhora da Espinha, França


Não há nada na Itália, Espanha, Alemanha ou Inglaterra que possa ser comparado com a catedral de Chartres.

Em nenhuma outra parte pode se encontrar tal riqueza de pensamento. Quando, por fim, compreenderemos que no domínio da arte nunca a França realizou algo mais alto que suas catedrais góticas?

(Fonte: Émile Mâle, “A arte religiosa na França no século XIII”, apud “The Dawson Newsletter", Summer 1993)

fonte.catedrais Medievais